sábado, 28 de maio de 2011

Gritos e Botas - por Maurício Carvalho


    Aqui estão mais dois importantes comentários sobre os textos que fazem parte do projeto. A pequena avaliação foi feita por Maurício Carvalho, que é formado em Comunicação Social e funcionário do TJPE. Os textos lidos por ele foram :

Conto : Sem título - Cláudia Costa.
Poema: Sem título - Rafael Eduardo.

   Me surpreendi positivamente com os dois textos que recebi. É interessante esse projeto que vcs estão participando e uma ótima iniciativa de poder receber a opinião de pessoas " de fora" do ambiente acadêmico (até porque somos nós, os " de fora" que no fim das contas iremos consumir essa produção literária).

    Bom, sobre o conto inspirado no O Par de Botas, de Van Gogh (senti falta de um título pra ele) achei a narrativa interessante, direta e puramente visual. O primeiro parágrafo já nos transporta para o universo que será dito nas linhas seguintes, uma atmosfera tristemente nostálgica e melancólica. 

   Gostei do texto porque ele não deixa espaços vazios  e a narrativa é bastante descritiva - tanto fisicamente, ao descrever o ambiente e emocionalmente, pois também descreve o estado do narrador da história, nos dando um panorama visual claro sobre o que quer ser contado. É daí que vejo a narrativa puramente visual.

    Acho que poderia haver menos repetição de "agora pai morreu" , entendi que o autor quis reforçar essa questão de ruptura do antes e depois, mas acredito que o próprio texto poderia dizer isso sem recorrer à repetição. Trabalhar melhor essa forma de marcar algo importante na história sem precisar desse reforço, acredito eu, é uma sugestão. Nem sempre precisamos dizer o que já está subentendido e pode ser mais interessante mostrar isso de formas diferentes.

    Gostei bastante de como  o conto evolui, com densidade e de forma curta - como deve ser o formato desse tipo de narrativa. E se o autor seguiu a regra do fina enigmático que os contos tem, ele caprichou, pois eu fiquei com a pulga atrás da orelha com a última frase do texto. Por que diabos ele estava descalço e o que isso significaria?

Parabéns.


    Sobre a poesia (também sem título) , sendo bem objetivo: o poema é lindo. E falar de poesia, pra mim, é saber se ela me tocou ou não - essa me tocou. 
    A frase final amarra direitinho o que foi dito ao longo do texto, e faz a gente ler, reler, ler novamente. Esse prazer de ler um belo poema, em si, já diz tudo sobre ele.

Parabéns.

   Um beijo a todos os envolvidos, achei muito legal poder participar. Aos autores dos textos, desejo sucesso!

Maurício.

domingo, 22 de maio de 2011

Pequenos Trechos



  Um próximo trecho pertence ao conto chamado - Sapatos - de Paula Macena! 

     "Agora lá estavam eles, no canto de seu quarto, rotos e quase totalmente gastos. Ainda não havia entendido o que isso significava. Nem sabia se queria entender, simplesmente não se sentia disposto nem corajoso o suficiente para julgar o fato."

Na semana que vem - mais trechos!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O grito de Edimar Gonçalves !


    Quem vai falar um pouco sobre o processo de escrita e análise dos textos essa semana é Edimar Gonçalves. Ele dividiu um pouco das suas impressões e falou sobre suas preferências literárias. 

Os textos escritos por ele se chamam - Corrosão inaudível (Poema) e Botas velhas, velhas botas (Conto). 

O projeto... 

   Bom, logo de cara, eu achei muita ousadia de um professor querer que, além de eu estudar tudo aquilo, os elementos, as perspectivas narrativas, os constituintes do poema, produzisse forçadamente algum texto relacionado à imagem dada, mas logo isso passou: entrei com tudo e gostei, mesmo tendo uma predileção, dos dois textos que compus. São duas obras diferentes, mas que gritaram nos meus textos univocamente. A experiência foi muito enriquecedora enquanto autor, todavia mais surpreendente como leitor de alguns dos textos anteriormente lidos, em sala, pelos próprios autores e colegas de projeto.

O que foi mais prazeroso? Escrever o conto ou o poema?

Sem titubear, escrever o poema.

    Apesar de ter sido uma produção forçada em todos os sentidos, o resultado me agradou muito, porque o momento de “desespero” fez com que alguma ideia fluísse, fosse posta no papel e, logo depois, aprimorada.

    Notei que, embora tenha uma facilidade grande para escrever em prosa, o poemas destes dois foi o que mais me agradou, se bem que é evidente a influência das linhas corridas nele.

   O conto foi feito naquele “por fazer”, na obrigação de desenhar e ordenar pelas características típicas do gênero narrativo, porém acabou ganhando identidade aos poucos.

Sobre a leitura..

    Sou um leitor curioso, leio tudo que me chamar o mínimo de atenção que seja, mas confesso a minha preferência por textos que transpareçam uma crueza sentimental... um jogo de palavras tradutoras dos sentimentos humanos me ganha facilmente. Quanto a nomes, fica difícil, mas os que leio frequentemente são Lispector, Jabor, Caio Fernando - apesar de nunca ter lido uma obra completa, só contos soltos -, Rubem Alves.

Foram o que prevaleceram na memória neste momento.



Possui Blog ou outra ferramenta de divulgação de textos?

     Sim, mas não o atualizei este ano ainda, se eu não me engano. Acho que sou mais um admirador e espectador de blogs (dos outros). Tenho muitas idéias e, se pudesse pôr tudo em prática, seria, de fato, uma máquina. Falta tempo na minha rotina, hoje, principalmente pra compartilhar esta fruição, mas vale a pena ler os textos, músicas e idéias penduradas no meu cabide:


Um personagem literário preferido?

   Quando eu tiver uma única e imutável preferência, será um sinal de que estou frustrado quanto às leituras que ando fazendo.Esta fica sem resposta. Ponto.

Sig@ Edimar - AQUI

sábado, 14 de maio de 2011

Pequenos Trechos


   O trecho dessa semana foi retirado do conto - Natureza Viva (ou noturno) - escrito por José Jaime. Como sugestão ele indica no início do texto - que a leitura seja feita ao som de Angelo Badalamenti.

    Sinto cada vez mais a presença de algo ou alguém a me espreitar, a me seguir, mas não sei o motivo. Ouço novamente barulhos, serão os gatos novamente? Não! Passos! Ouço passos, não estou louco, existe alguém ali na escuridão, posso sentir, me segue.

  Aqui fica disponível um vídeo e uma música do Angelo para download!


Download AQUI

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Gritos e Botas - por Gerusa Leal


    Segue mais uma importante colaboração com nosso projeto. Dessa vez um conto e um poema foram analisados e comentados pela escritora Gerusa Leal. 

Conto - Um novo ideal para um par de sapatos, de Rafael Eduardo.
Poema- ( Sem título ), de Danielly Vieira - Que você conheceu AQUI

Sobre Gerusa...

     Gerusa Leal nasceu em Recife, Pernambuco, mora em Olinda e é autora de contos e poemas publicados nas coletâneas Contos de Oficina, organizadas pelo escritor Raimundo Carrero, Pimenta rosa, O fim da velhice, O talento com as palavras, Panorâmica do conto em Pernambuco, Anais da FLIPORTO, Haikais poemínimos senryus, Recife Conta o São João (pela Fundação de Cultura Cidade do Recife) e em alguns blogues literários. Conquistou premiação nos concursos Luís Jardim, com o conto "Por um triz"; Prefeitura de Cordeiro – RJ, com "Anacy"; Maximiano Campos, com "Os brincos prateados"; Fliporto com o poema "Momento", e o prêmio Edmir Domingues de Poesia 2007 da Academia Pernambucana de Letras, com o livro de poemas Versilêncios.

Sobre o Conto...
Trecho
"Lembrava-se do que antes achava serem seus dias de glória, quando transitava por doces ruas, inalando o talco dos pés perfumados... quando contemplava um futuro de bota de rei. Contemplação efêmera."

   Li o conto e quero parabenizar o autor pela criatividade e originalidade do texto. Evidentemente, escrever é, acima de tudo, reescrever. Claro que meu comentário se reveste de todas as minhas preferências pessoais, portanto sem nenhuma conotação de certo ou errado, em que pese ter lido ainda ontem, em entrevista de José Castello ao Diário de Pernambuco, que "A literatura não é o campo do acerto, mas do erro. A questão, em literatura, não é acertar, mas errar bem. O que é o erro? É a maneira com que nos desviamos da regra, da norma, do "certo". É uma espécie de dissonância, com que afirmamos nossa singularidade diante do real. A questão, portanto, é encontrar a sua maneira pessoal de "errar", que é sempre única e imprevisível. Perseguir sua voz interior, fundar os preceitos de sua própria escrita, encontrar a própria voz." pois "Um escritor só se forma na mais absoluta solidão."

     Portanto, permitam-me comentar o texto a partir de minha maneira pessoal de "errar". Que se aproveite o que tiver proveito, e se descarte o que não fizer sentido, afinal, o autor é o dono do texto.

      Como é solicitado que se diga o que não funciona, sugestões, eliminações, dicas, achei melhor copiar o texto em Word, pois lá a ferramenta de inserção de comentários me auxilia a organizá-los. 

 A análise completa do texto foi entregue ao autor - Rafael Eduardo, e estará disponível na integra, no livro de análise que será organizado em breve.

Sobre o poema...
Trecho
É música no bico desse artista
Que geme e grasna e grita um pesadelo
De visões desgraçadas que eu mereço

   Gostei muito do poema. Forma e conteúdo se amalgamam, o ritmo, a métrica, as rimas internas. No entanto, como a opção for pela forma fixa, me arranhou um pouco o ouvido a segunda estrofe. De repente, do segundo verso em diante as tônicas e a métrica claudicam, as rimas parecem forçadas. Acho que é uma estrofe que merecia ser retrabalhada. Reafirmando que gostei bastante do poema.


Um grande abraço e obrigada pela oportunidade do exercício da análise e da crítica.

Nosso grupo agradece o apoio e a disponibilidade.
Aguardamos a escritora no lançamento em novembro!


Para viajar nas palavras de Gerusa  - Clique AQUI

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Lembrete!


    Na próxima terça-feira (10/05), às 18h, na sala de seminários do Cegoe (dentro da programação do Colóquio de História e Arte) haverá um lançamento especial do meu livro "Copi: transgressão e escrita transformista" (pela Ed. Confraria do vento). Convido a todos para marcarem presença e me ouvirem falar um pouco sobre esse autor contemporâneo tão instigante, transgressor e desconhecido, mas fundamental!
Abraços, beijos...

Professora Renata Pimentel.

sábado, 7 de maio de 2011

Pequenos Trechos


O trecho dessa semana é de um conto ainda ou definitivamente sem nome - escrito por Cláudia Costa.

    "Seu pai, o pai de seu pai e tantos outros antes, vivendo daquela maneira de sol a sol, levantando cedo, era um gole de café na goela, enxada nos ombros e botinas nos pés."


terça-feira, 3 de maio de 2011

Gritos e Botas - por Leonardo Damasceno

      
 Leonardo Gomes foi um dos convidados para contribuir com nossos ecos e passos. 

  Ele recebeu o conto chamado Sapatos Gastos de Taciana Maria -  de  e o poema chamado Medo de Arthur Mota

Quem é Leonardo?
   Me chamo Leonardo Gomes Damasceno, sou carioca, mas resido desde os dois anos de idade na cidade de Camaragibe em Pernambuco. Atualmente estou trabalhando na Contax e estudando na Faculdade Mauricio de Nassau, cursando Publicidade e Propaganda. Como hobby eu fotografo, leio bastante, jogo vídeo game, escuto música no ultimo volume e sou viciado em tecnologia. 

Sobre o conto...

     Gostei bastante do conto e o mais interessante é que minutos antes de ler esse conto eu estava escutando uma musica "Sapato Velho" do grupo Roupa Nova que fala um pouco sobre lembranças, onde eles comparam a vida com um sapato velho. Acredito que não só eu mas todos que lerem esse conto vão se identificar e lembrar um pouco do passado. Não vejo esse conto como um exemplo de apego as coisas materiais, mas sim como um ponto de reflexão de um passado repleto de momentos fantásticos. A unica coisa que mudaria no texto está na primeira linha, logo no inicio:


"Era apenas um par de sapatos."
"Era um simples par de sapatos"

  Quando eu li o texto pela segunda vez achei a palavra apenas uma palavra que pesou um pouco quando se refere a  um sapato que tem um valor sentimental grandioso como esse.

Sopre o poema...

  Quem nunca teve medo? Ele está ligado à preservação da vida e se manifesta diante de situações de ameaça. O medo no poema chega com ansiedade, o individuo teme antecipadamente o encontro com o próprio medo. Com o destrinchar do poema percebi que ele é tratado com muito cuidado, como se fosse alguém que você está zelando e que com o passar das situações você vai conhecendo e se acostumando. 

Gostei bastante do poema, não mudaria nada. Só acho que o público mais "antigo" (Rígido)  pode estranhar a estrofe que diz assim:

Levei-o à cama desarrumada
Apresentei-o meus lençóis
Gozei na cara do medo
Curti com o medo

    Pra mim ta maravilhoso... acredito que vocês sabem do que eu tô falando - minha mãe lendo isso iria falar: O QUE É ISSO??????? 

    Os autores dos textos estarão recebendo ainda essa semana essa avaliação em mãos e toda equipe agradece imensamente  as palavras e o carinho do nosso convidado número 1 - Leonardo Damasceno!